domingo, 31 de março de 2013

""O outro lado de abril""

A relevância dos acontecimentos são distintas e não são comparáveis
mas, a história da humanidade mostra-nos que o mês
de Abril é rico em significados.

Abril foi para as diferentes épocas e para os mais
variados povos o mês da
alegria, da paz, da serenidade.
Abril representa a primavera, o início de uma nova
estação, onde a vida se
renova e tudo recomeça:
- É o início de uma nova floração que vai produzir
novos frutos. Os campos
revestem-se de colorido, os pássaros entoam os seus
hinos, os regatos
correm para as ribeiras, ouve-se o som da vida a correr no seio da natureza.
- É o mês das primícias, dos primeiros frutos
- É o abraço da liberdade retomada após o frio, triste e nostálgico do
Inverno.
- Abril é, também, o mês em que o homem retoma a esperança, retoma os
planos para o futuro, para o verão que se lhe vai seguir.
- É o sol quente que desponta e anima.
- É a festa da primavera que os povos da antiguidade celebravam com
devoção, e que unia toda a comunidade e todas as comunidades sem
excepção.
- Abril é, igualmente, o poema que os poetas compuseram e que o povo
quase em uníssono cantou.

E, eu sinto-me, neste contexto, muito pequenino para escrever ou dizer seja
o que for que não seja a simples contemplação destas maravilhas e
participante na sua preservação.

Mas Abril tem outra face, mais obscura e tenebrosa,perante a qual não
devo ficar calado.
·
Porque Abril é também o mês de que alguns se querem apropriar como se
Abril fosse pertença sua e exclusiva e, em nome da
liberdade que ele
representa, colhem cravos em canteiros próprios e nos canteiros dos
outros deixando-os completamente desflorados;
·
Porque Abril é também o mês de que alguns se apropriam dos primeiros
frutos que a primavera libertadora faz brotar;
·
E dos outros que consideram que a liberdade é “canhota” e não pode ser
ambidextra;

Alguns, ainda, consideram Abril como um rio, sem pontes, que separa
as duas margens – a margem de lá e a margem de cá –e gritam: 
- Abaixo a outra margem.
- Esta margem ao poder, e já!
E cheios de entusiasmo balofo proclamam:
- Abril é festa é a alegria do Povo...

- Mas, de qual povo? - Pergunto eu.
(Desculpem a minha ignorância...)

É que, com tanta alegria, realmente, quem se vai le
mbrar dos que ficaram
sem emprego e dos sem abrigo e dos marginalizados d
a sociedade?

Com tanta alegria, quem repara nos imigrantes explo
rados que nos
demandam em busca de melhor condições de vida para
si e para as suas
famílias?
E nos milhares de portugueses que, segundo os últim
os estudos, passam
fome?

A estas e outras perguntas de igual teor, respondem
os tais:

- Coitados, tiveram azar!
- Estão assim por culpa dos da margem de lá.

Ah! Como tudo seria tão diferente se Deus se tivesse lembrado de fazer
duas primaveras e dois calendários, um para cada margem.
- Deus enganou-se, de certeza. 
trecho do "O outro lado de abril"
(Cáritas Diocesana de Portalegre e Castelo Branco)

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