sábado, 23 de março de 2013

A vida é um verbo

A linguagem é criada para o uso diário, é criada para a vida mundana.No que diz respeito a
isso, ela é boa.É perfeitamente
adequada para o mercado, mas, quando você começa a mergulhar em
águas mais profundas, ela se torna cada vez mais inadequada — não
apenas inadequada: ela começa a
ficar absolutamente incorreta.
Por exemplo, pense nestas du
as palavras: experiência e
experienciar .
Quando você usa a palavra
experiência, ela lhe transmite
uma sensação de conclusão, como se
algo tivesse chegado a um ponto
final. Na vida não ex
istem pontos finais. A vida não sabe
absolutamente nada sobre pontos finais — ela é um processo
contínuo, um rio eterno.O objetivo nunca chega.Está sempre
chegando, mas nunca chega. Portanto, a palavra
experiência
não é correta. Ela transmite uma noção falsa de conclusão, de perfeição.
 
Faz com que você sinta que chegou.
Experienciar é muito mais verdadeiro.
No que diz respeito à vida de verdade, todos os substantivos são
errados, só os verbos são verdadeiros. Quando você diz "Isto é uma
árvore", está fazendo uma afirmação errada do ponto de vista existencial.
Não do ponto de vista
lingüístico ou gramatical, mas do
ponto de vista existencial você está fazendo uma afirmação errada, porque a árvore não é uma coisa estática. Ela está crescendo. Ela
nunca está em um estado de "ausência de ser", está sempre se tornando algo. De fato, chamá-la de árvore não está correto. Ela esta arborescendo.
O rio está enriezando.

Se você olhar a vida a fundo, os substantivos desaparecem e só ficam os verbos. Mas isso criará um problema no mundo lá fora

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