terça-feira, 11 de junho de 2013

INTERPRETAÇÃO DE PAPÉIS: AS MUITAS FACES DO EGO

Um ego que quer alguma coisa do outro - e que ego não deseja isso - em
geral representa um tipo de papel para satisfazer suas "necessidades", que
podem ser: ganhos materiais; sensação de poder, de superioridade e de ser
especial; além de um sentimento de gratificação, seja física ou psicológica. 
Emgeral, as pessoas não têm nenhuma consciência dos papéis que representam.
Elas são esses papéis.
 Alguns deles são sutis, enquanto outros são óbvios,
exceto para quem os interpreta. 
Há aqueles criados com o único objetivo de
atrair a atenção de alguém. 
O ego prospera quando angaria a atenção dos
outros, porque ela é, acima de tudo, uma energia psíquica. 
Como não sabe que
a origem de toda a energia está dentro da pessoa, ele a procura externamente.
Porém, sua busca não é pela atenção sem forma - a presença -, e sim pela
atenção numa forma, como reconhecimento, elogio e admiração. 
Certas vezes, só o fato de ser notado de alguma maneira já vale como um reconhecimento da sua existência.
Uma pessoa tímida que tem medo da atenção dos outros não está livre
do ego - nesse caso, o ego é ambivalente, pois tanto quer quanto teme a
atenção externa. 
O temor é de que a atenção possa tomar a forma de
desaprovação ou crítica, isto é, algo que diminua a percepção do eu em vez de
aumentá-la.   
Portanto, o medo que a pessoa tímida tem da atenção é maior do
que a necessidade que tem dela. 
A timidez costuma ser acompanhada de uma
auto-imagem predominantemente negativa, a crença de ser inadequado.
Qualquer percepção conceituai do eu - ver a si mesmo como isso ou aquilo - é
o ego, seja ela favorável (eu sou o maior) ou desfavorável (não sou bom). 
Por trás de toda auto-imagem positiva há o medo de não ser bom o bastante.
 Por trás de toda auto-imagem negativa está o desejo de ser o maior ou melhor do que os outros.
 Oculto pelo confiante e contínuo sentimento de superioridade
do ego encontra-se o medo inconsciente de ser inferior. 
De modo inverso, o
ego tímido, que se sente inapropriado e menor, tem um forte desejo
camuflado de superioridade. 
Muitas pessoas flutuam entre sentimentos de
inferioridade e superioridade, dependendo da situação e dos indivíduos com
quem entram em contato. 
Tudo o que devemos saber e observar em nós
mesmos é isto: sempre que nos sentirmos superiores ou inferiores a alguém,
isso é o ego em ação.


Eckhart Tolle

ALÉM DO EGO: NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE

Quando o ego está em guerra, saiba que isso não passa de uma ilusão
que está lutando para sobreviver.
 Essa ilusão pensa ser nós. 
A princípio, não é
fácil estarmos lá como testemunhas, no estado de presença, sobretudo quando
o ego se encontra nessa situação ou quando um padrão emocional do passado
é ativado. 
No entanto, depois que sentimos o gosto dessa experiência, nosso
poder de atingir o estado de presença começa a crescer e o ego perde o
domínio que tem sobre nós. 
E, assim, chega à nossa vida um poder que é
muito maior do que o ego, maior do que a mente. 
Tudo de que precisamos
para nos livrar do ego é estarmos conscientes dele, uma vez que ele e a
consciência são incompatíveis. 
A consciência é o poder oculto dentro do
momento presente.
 É por isso que podemos chamá-la de presença. O
propósito supremo da existência humana, isto é, de cada um de nós, é trazer
esse poder ao mundo. 
E é também por isso que nossa libertação do ego não
pode ser transformada numa meta a ser atingida em algum ponto no futuro.
Somente a presença é capaz de nos libertar dele, pois só podemos estar
presentes agora - e não ontem nem amanhã.
 Apenas ela consegue desfazer o
passado em nós e assim transformar nosso estado de consciência.
O que é a compreensão da espiritualidade?
A crença de que somos espíritos?
 Não, isso é um pensamento. 
De fato, ele está um pouco mais
próximo da verdade do que a ideia de que somos a pessoa descrita na nossa
certidão de nascimento, mas, ainda assim, é um pensamento.
 A compreensão
da espiritualidade é ver com clareza que o que nós percebemos, vivenciamos,
pensamos ou sentimos não é, em última análise, quem somos, que não
podemos nos encontrar em todas essas coisas, que são transitórias e se
acabam continuamente. 
E provável que Buda tenha sido o primeiro ser
humano a entender isso, e dessa maneira anata (a noção do não-eu) se tornou
um dos pontos centrais dos seus ensinamentos. 
E, quando Jesus disse
"Negue-se a si mesmo", sua intenção era afirmar: negue (e assim desfaça) a
ilusão do eu. Se o eu - o ego - fosse de fato quem somos, seria um absurdo
"negá-lo". 
O que permanece é a luz da consciência, sob a qual percepções,
sensações, pensamentos e sentimentos vêm e vão. Isso é o Ser, o mais
profundo e verdadeiro eu. 
Quando sabemos que somos isso, qualquer coisa
que ocorra na nossa vida deixa de ter importância absoluta para adquirir
importância apenas relativa. 
Respeitamos os acontecimentos, mas eles perdem
sua seriedade plena, seu peso. 
A única coisa que faz diferença realmente é isto:
podemos sentir nosso 
Ser essencial, o "eu sou", como o pano de fundo da
nossa vida o tempo todo? 
Para ser mais exato, conseguimos sentir o "eu sou"
que somos neste momento?
 Somos capazes de sentir nossa identidade
essencial como consciência propriamente dita? 
Ou estamos nos perdendo no
que acontece, na mente, no mundo?


Eckhart Tolle

QUEREMOS PAZ OU CONFLITO?

Desejamos paz. 
Não existe ninguém que não a queira.
 Ainda assim, há
algo em nós que pede o conflito, o enfrentamento.
 Talvez você não seja capaz
de perceber isso neste instante. 
Pode ser que tenha que esperar por uma
situação ou até mesmo por um pensamento que disparem uma reação de sua
parte: alguém que o acuse de algo, que não o reconheça, que se intrometa no
seu território, que questione sua maneira de fazer as coisas, que provoque uma
discussão sobre dinheiro, etc. 
Diante de uma circunstância desse tipo, você
consegue sentir o imenso impulso de força que começa a atravessá-lo, o
medo, que talvez esteja sendo mascarado por raiva ou hostilidade?
 É capaz de
ouvir sua própria voz se tornando áspera, estridente? 
Tem consciência de que
sua mente está correndo para defender a posição dela, justificar, atacar,
condenar? 
Em outras palavras, tem capacidade de despertar nesse momento
de inconsciência? 
Sente que algo em você está em guerra, alguma coisa que se
vê ameaçada e quer sobreviver a todo custo, que precisa do confronto para
afirmar a própria identidade como o personagem vitorioso dentro dessa
produção teatral?
 Consegue sentir que existe algo em você que preferiria estar
certo a estar em paz?


Eckhart Tolle

A vitima

Um papel muito comum é o de vítima, e a forma de atenção que o ego
busca é a solidariedade, a piedade ou o interesse dos outros pelos "meus"
problemas, por "mim e minha história". Ver-se como vítima é um
componente de muitos padrões egóicos, como queixar-se, sentir-se ofendido,
ultrajado, e assim por diante. É claro que, depois que uma pessoa se identifica
com uma história em que assume o papel de vítima, ela não quer que isso
termine, e assim, como muitos terapeutas sabem, o ego não deseja o fim dos
seus "problemas" porque eles fazem parte da sua identidade. Se ninguém
deseja escutar sua triste história, a pessoa pode contá-la mentalmente para si
mesma quantas vezes tiver vontade e sentir pena de si própria. Dessa forma,
sua identidade será a de alguém que não está sendo tratado com justiça pela
vida, por outros indivíduos, pelo destino ou por Deus. Essa atitude define a
imagem que ela faz de si mesma, torna-a alguém - e isso é tudo o que importa
ao ego


Eckhart Tolle

domingo, 9 de junho de 2013

Individuação, um desafio para o Ego



Carl Gustav Jung definiu como individuação o processo pelo qual o ser humano chega ao autoconhecimento, e é levado a estabelecer contato com o seu inconsciente, não só com o inconsciente pessoal (integrando as sombras), mas também como o seu inconsciente coletivo.

Nessa integração, o que se faz é sempre a separação do que é consciente daquilo que é não consciente. Para integração dos arquétipos torna-se necessário fazer essa distinção, caso contrário os conflitos continuam ou se intensificam.
O objetivo desse processo ou sua etapa final é a chegada ao self, ao centro da personalidade. Quando chega a esse centro, o ser humano realiza-se como individualidade, como personalidade.

O self, que se apresenta como um projeto desde o início de nossa vida, é o modelo do ser humano completo, a matriz de todo progresso do ser, o padrão segundo o qual se desenvolvem as características de individualidade de cada um. Sua apresentação desde o início da vida se realiza através dos sonhos de crianças, sonhos em que aparecem imagens arquetípicas desse centro, ou seja, os símbolos do self.

A chegada ao self é, muitas vezes, precedida por angústia, ou por muita ansiedade, uma ansiedade à qual todo terapeuta deve estar atento. Essa ansiedade está associada à aquisição de uma maior consciência de si próprio, que o indivíduo está atingindo.
Aquele que ouve e dá atenção à grande tensão interior que precede o processo do autoconhecimento, terá a chance de alcançar as profundezas do seu ser, e integrar a vivência dos arquétipos de forma consciente.

A individuação geralmente é desenvolvida dentro de um processo terapêutico, mas também pode acontecer de forma natural. Não é impossível que alguns cheguem a realizá-la sozinhos. São Nicolau, na Idade Média, teve as visões do deus e da deusa, elaborou uma mandala (símbolo iconográfico do self) e trabalhou com o inconsciente coletivo sem auxílio.

Do mesmo modo, muitos outros homens altamente significativos para seu tempo chegaram a uma personalidade que nos parece completa, sozinhos, para o que é necessária uma ampla e intensa vivência interior.
Jung também chegou a se individualizar sozinho, mas através da psicoterapia junguiana, que ele mesmo descobriu, um método que foi experimentando consigo mesmo de forma totalmente intuitiva, sem que ninguém lhe tivesse ensinado.

A chave nesse processo é jamais ignorar os sentimentos, enfrentar as angústias, os medos e as dificuldades com coragem, buscando a raiz, a fonte de onde se originam tais problemas. Este processo de investigação interior pode se feito através de vários instrumentos como a terapia psicológica, que pode incluir a regressão psicológica à infância, (ou até mesmo à fase uterina), a consulta aos oráculos como forma de trazer à tona os conteúdos inconscientes, a meditação, processo pelo qual se realiza a conexão com o Eu Superior, aquela dimensão do ser que transcende o ego, que tudo sabe e compreende, pois é onde reside a sabedoria divina em nós.

Apesar de doloroso, o processo de individuação, é o que nos libertará de uma vida massificada, totalmente dominada pelo ego, em que seguimos o pensamento da maioria sem qualquer escolha pessoal. A tomada de consciência é essencial, mas não é tudo, ela nos torna mais responsáveis por nós mesmos e por nossos atos, e a partir daí cabe a cada um decidir se vai ou não aceitar essa responsabilidade.

Atingir o self, não significa chegar à perfeição, mas sim ter uma visão realista de si mesmo, e o entendimento de que o progresso interior é algo a ser trabalhado durante toda a vida, pois novos desafios surgirão o tempo todo durante nossa existência.
Porém, uma personalidade integrada enfrentará esses desafios com muito mais coragem, discernimento, equilíbrio e serenidade.
 
 
 
www.somos todos um 

domingo, 2 de junho de 2013

Afinal de contas, o que é ser autor da própria história?



Milhões de pessoas nunca aprenderam que
podem e devem gerenciar seus pensamentos e
emoções. Como serão líderes de si mesmas se não se
conhecem minimamente? Como evitar que tenham
transtornos psíquicos se não têm ferramentas para
se defender ou se resolver?
Muitos investem toda a sua energia na sua
empresa ou na sua profissão. Tornam-se máquinas
de trabalhar (workaholic). Não investem na sua

tranquilidade e no seu prazer de viver nem nas suas
relações. São admirados socialmente, mas têm
péssima qualidade de vida. Empobreceram no único
lugar onde não podemos ser miseráveis: no teatro
da nossa mente. São ansiosos, irritados, inquietos,
insatisfeitos. A maioria deles promete para si que
corrigirá seus caminhos, mas nunca os corrige. Por
fim, alguns morrerão e se tomarão os mais ricos e
bem sucedidos de um cemitério. Triste história!
Que característica da sua personalidade ou

postura de vida você tem tentado mudar, mas não
tem conseguido? Você pode adiar muitas coisas na
sua vida, mas não a decisão de ser autor da sua
própria história. Afinal de contas, a vida é um
grande livro. É sua responsabilidade escrever seus
textos.
 
 
 
Augusto Cury