segunda-feira, 19 de abril de 2021

 




Eliminar o medo


Quando estamos em um estado de medo, deixamos de estar conectados com a energia positiva da Luz. 

Quando temos medo, é o Ego, o “eu”, que tem medo.

 É o “eu” que não quer sentir dor ou perda.

 Mas, quando estamos conectados com a Luz, não existe “eu”, ou “mim”, ou Ego.

 Assim, quando eliminamos o Ego, eliminamos o medo também




karen Berg

A escada para a espiritualidade


À medida que caminhamos pela estrada da vida são-nos oferecidos muitos caminhos de escolha. Podemos chegar a uma encruzilhada onde devemos escolher a direção a seguir, ou podemos estar a olhar em frente para um único caminho, um caminho horizontal como uma linha do tempo pelo qual continuamos a avançar. Às vezes, no entanto, o caminho à nossa frente é vertical. Este é o caminho da espiritualidade, em que o avanço ocorre por áreas, muitas vezes invisíveis a olho nu. O que significa realmente ser avançado na vida? O que é uma verdadeira evolução?
Gary Zukav escreve em “O Lugar da Alma”: 
“A nossa compreensão mais profunda diz-nos que um ser verdadeiramente evoluído é aquele que valoriza os outros mais do que se valoriza, e que valoriza o amor mais do que valoriza o mundo físico e o que está nele”.
 Viemos aprender na vida que não é o tamanho da nossa casa ou das contas bancárias que importa, mas sim o tamanho dos nossos corações
É o caminho do amor que nos leva a evoluir para seres sagrados. Nos momentos em que escolhemos o amor, começamos a subir no caminho vertical e a dar passos para um terreno mais elevado. Desta forma, podemos começar a entender que é o modo como nos tratamos uns aos outros que determina a nossa evolução. O Santo Criador é uma força de amor, uma força de dádiva e amor a partir da qual fomos criados. Esta força é a nossa essência. Como um tesouro enterrado em nós, quando optamos por percorrer o caminho do amor, descobrimos a nossa justeza oculta.
 Quando escolhemos ser mais como o nosso Criador, revelamos a nossa santidade. Uma santidade que é o nosso direito de nascença e que purifica, cura, e remove cada canto escuro nas nossas vidas. 
Esta semana, o universo incita-nos a percorrer o caminho da justeza e a soprar essa centelha de divindade que temos dentro até se tornar uma grande chama.
 Esta semana temos a oportunidade de ascendermos a escadaria da espiritualidade. A nossa porção desta semana é, mais uma vez, duas. Esta semana, lemos Acharei Mot e Kedoshim. Elas são-nos dadas pelo Criador para trabalhar em conjunto e oferecer-nos uma dose dupla de energia muito necessária. 
Acharei Mot traduz-se por 'depois da morte'. Kedoshim traduz-se por 'santo'. 
Juntas, as porções lêem-se assim: Após a morte, são santos.
 Os kabalistas revelam que a morte de que estamos a falar não é física, mas sim a morte do nosso ego. O ego é como uma jaula que rodeia o coração. Quando os nossos corações são libertados para amar livremente, descobrimos o caminho sagrado que leva ao Criador. Na verdade, a santidade é o nosso presente esta semana. Nestas duas porções, encontramos Aaron sacrificando no Tabernáculo para purificar os israelitas da sua negatividade. Esta purificação é um meio para aproximá-los mais da semelhança com o Criador. Além do sacrifício, o criador instrui Moisés para informar os israelitas de um conjunto de diretrizes, ou leis, sobre como agir e como tratar as pessoas com dignidade humana. O Criador diz aos israelitas: “Deves amar o próximo como a ti mesmo”. Nós aprendemos aqui que amar o próximo como a nós mesmos é uma parte do caminho para se tornar Um com o Criador. É o amor para com as outras pessoas que nos purifica na luz e energia do Criador. Acharei Mot é lido apenas duas vezes por ano. 
Uma vez agora, durante o mês de Touro, conhecido como o mês da cura, e uma outra vez no Yom Kippur, conhecido como o dia mais sagrado do ano inteiro. Um dia que nos eleva para nos unir com o Criador e trazer a purificação total. Esta semana, esta energia inestimável e rara está disponível para todos os que desejam nela participar. 
Na vida, podemos certamente sentir-nos oprimidos ou perdidos, sem saber o nosso próximo caminho. Podemos encontrar-nos atolados no mundo físico, perseguindo uma pista vazia atrás da outra. Mesmo quando alcançamos os nossos objetivos, percebemos frequentemente que não nos trouxeram a felicidade que procuramos. O caminho da santidade é o caminho da nossa mais profunda realização. A fusão com o Criador, aqui na Terra, é a nossa verdadeira razão de ser. Viajamos pela vida encontrando almas que precisam dos nossos cuidados e do nosso amor, dando-nos a oportunidade de derreter os nossos corações congelados e ativar o Criador dentro de nós. Assim que abrimos o coração e começamos a amar, a escuridão desaparece, as impurezas dissipam-se, e começamos a revelar a santidade do Criador dentro de nós. 
Nas suas meditações desta semana, sente-se calmamente perto de uma janela e feche os olhos. Respire profunda e lentamente várias vezes. Agora comece a sentir o calor do sol no rosto. Comece a ver-se a flutuar a partir de sua casa para o céu. Lá, aterre numa nuvem. Ali, também, encontra uma bonita escada que conduz lá acima. Enquanto flutua nesta nuvem morna, comece a abrir o coração e a recordar todas as pessoas que ama na sua vida. Veja os seus rostos. Sinta o amor. Pegue neste amor e alargue-o ainda mais. Sinta o coração a expandir-se e a crescer. Envie o seu amor para as pessoas com quem trabalha e outros conhecidos. Agora pegue neste amor e alargue-o ainda mais a toda a cidade, amando cada pessoa que lá se encontra. Depois expanda o seu amor para todo o país, e então, finalmente, para o mundo inteiro. O mundo inteiro banhado em amor e luz. Agora é o momento de você encarnar o amor do Criador. À medida que sente o amor irradiar através do seu ser e do seu coração gigante, você brilha mais intensamente do que nunca. Agora comece a subir a escadaria. A cada passo, a Luz e o Amor do Criador envolve-o removendo toda a negatividade no seu ser. Esta luz cura-o. Esta luz purifica-o. Você sente a Luz do Criador brilhando em todo o seu ser. Sinta que é na totalidade feito de amor, amor pelos outros, amor pelo Criador e amor por si mesmo. É através do amor, que todos nós podemos merecer, nesta vida, ser Santo e Um com o Criador.
 Esta semana, abrimos os nossos corações e erguemo-nos para encontrar a nossa santidade. Com esta evolução da alma virão os verdadeiros tesouros que alguma vez poderemos conhecer.
KAREN BERG
ABRIL /2018

sábado, 3 de janeiro de 2015

O que Osho fala sobre a verdadeira amizade?

 
O que é amistosidade verdadeiramente autêntica?
A questão que você levantou é muito complexa. Você terá que entender algumas outras coisas antes que possa entender o que é a amistosidade verdadeiramente autêntica.
A primeira é amizade. Amizade é amor sem qualquer tom biológico nela. Isso não é a amizade que você entende ordinariamente – o namorado, a namorada. Usar a palavra amizade de alguma maneira associada com biologia é pura estupidez. É insensatez e loucura. Você está sendo usado pela biologia para fins de reprodução.
Se você acha que está apaixonado, você está errado; é apenas uma atração hormonal. Sua química pode ser alterada e seu amor irá desaparecer. Apenas uma injeção de hormônios e um homem pode se tornar uma mulher e uma mulher pode se tornar um homem.
Amizade é amor sem qualquer tom biológico. Isso se tornou um fenômeno raro. Costumava ser uma grande coisa no passado, mas algumas grandes coisas do passado desapareceram completamente. Isso é algo muito estranho que as coisas feias sejam teimosas, elas não morrem facilmente; e as coisas bonitas são muito frágeis, elas morrem e desaparecem bem facilmente.
Hoje a amizade é entendida ou em termos biológicos ou em termos econômicos, ou em termos sociológicos – em termos de relações, um tipo de relacionamento. Mas amizade significa que se a necessidade surgir você estará pronto até mesmo para sacrificar-se. Amizade significa que você fez alguém mais importante do que você mesmo; outro alguém se tornou mais precioso do que você mesmo. Isso não é um negócio. É amor na sua pureza.
Essa amizade é possível mesmo do jeito que você é agora. Mesmo pessoas inconscientes podem ter tal amizade. Mas se você começar a ficar mais cônscio de seu ser, então amizade começa a se transformar em amistosidade. Amistosidade tem uma conotação mais ampla, um céu bem maior. Amizade é uma coisa pequena comparada com amistosidade. Amizade pode ser quebrada, o amigo pode se tornar um inimigo. Essa possibilidade permanece intrínseca no próprio fato da amizade.
Eu me lembro de Maquiavel dando orientações aos príncipes do mundo em sua grande obra, O Príncipe. Uma de suas favoritas é, ”Nunca diga coisa alguma ao seu amigo que você não possa dizer ao seu inimigo, porque a pessoa que é seu amigo hoje pode virar um inimigo amanhã”. E a sugestão seguinte é que, Nunca diga coisa alguma contra o inimigo, porque o inimigo pode virar um amigo amanhã. Então você ficará bem embaraçado.
Maquiavel está dando um insight muito claro: que nosso amor ordinário pode virar ódio, nossa amizade pode se tornar inimizade a qualquer momento. Esse é o estado inconsciente do homem – onde o amor está escondendo ódio por trás dele, onde você odeia a mesma pessoa que você ama, você, porém, não está consciente disso.
Amistosidade se torna possível só quando você é verdadeiro, você é autêntico e você está absolutamente cônscio de seu ser. E se o amor surgir dessa consciência será amistosidade. Amistosidade não pode mudar nunca para seu oposto. Lembre-se disso como um critério, que os maiores valores da vida são somente aqueles que não podem mudar para seus opostos; na verdade, não há nenhum oposto.
Você está perguntando, “O que é a amistosidade verdadeiramente autêntica?” Será preciso uma grande transformação em você para ter um sabor da amistosidade. Como você é agora, amistosidade é uma estrela distante. Você pode dar uma olhada na estrela distante, você pode ter um certo entendimento intelectual, mas isso permanecerá um entendimento intelectual, não um sabor existencial.
A menos que você tenha um sabor existencial da amistosidade, será muito difícil, quase impossível fazer uma distinção entre amizade e amistosidade. Amistosidade é a coisa mais pura que você pode conceber sobre o amor. É tão pura que você nem mesmo pode chamá-la de uma flor, você só pode chamá-la de fragrância a qual você pode sentir e experienciar, mas você não pode se apoderar dela. Está lá, suas narinas estão cheias dela, seu ser está cercado por ela. Você sente a vibração, mas não há como se apoderar dela; a experiência é tamanha e tão vasta e nossas mãos são por demais pequenas.
Digo a você que sua questão é muito complexa, não devido à questão, mas por sua causa. Você ainda não está no ponto de onde a amistosidade possa se tornar uma experiência. Seja real, seja autêntico e você conhecerá a qualidade mais pura do amor – Apenas uma fragrância de amor sempre lhe cercando. E essa qualidade do mais puro amor é amistosidade. Amizade está endereçada a alguém que é seu amigo.
Uma vez perguntaram a Gautama Buda, “O homem iluminado tem amigos?” e ele disse, “Não”. O questionador ficou chocado porque ele estava pensando que o homem iluminado tem que ter o mundo inteiro como um amigo. Mas Gautama Buda está certo, fique você chocado ou não. Quando ele diz, “O homem iluminado não tem nenhum amigo”, ele está dizendo que não pode ter amigos porque não pode ter inimigos. Ambos chegam juntos. Amistosidade ele pode ter, mas não amizade.
Amistosidade é amor não focalizado, não direcionado. Não é nenhum contrato, dito ou não dito. Não é de um individuo para outro individuo; é de um individuo para toda a existência, da qual o homem é uma pequena parte, porque as árvores estão incluídas, os animais estão incluídos, os rios estão incluídos, as montanhas estão incluídas, as estrelas estão incluídas. Tudo está incluído na amistosidade.
Amistosidade é apenas o jeito de ser real e autêntico; você começa a irradiá-la. Isso acontece a sua própria maneira, você não tem que trazê-la. Quem quer que chegue perto de você sentirá a amistosidade. Isso não quer dizer que ninguém será seu inimigo. No que diz respeito a você, você não será um inimigo de ninguém, porque você não é mais um amigo de ninguém. Mas sua altura, sua consciência, sua felicidade, seu silêncio, sua paz irá aborrecer muitos, irá irritar muitos, Tornará muitos, que não lhe compreendem, seus inimigos.
Na verdade, os iluminados têm mais inimigos do que o não iluminado. O não iluminado pode ter alguns inimigos, alguns amigos. Os iluminados têm quase o mundo inteiro antagonista a eles, porque as pessoas cegas não podem perdoar o homem que tem olhos, e o ignorante não pode perdoar aquele que sabe. Eles não podem sentir amor com relação ao homem que alcançou a sua realização, porque seus egos estão feridos.
Apenas outro dia recebi quatro cartas de quatro prisões americanas diferentes. Todos os quatro prisioneiros pediam por sannyas. Um prisioneiro americano leu meus livros. Desde que eu estive naquela prisão por um dia, as autoridades ficaram interessadas, os prisioneiros ficaram interessados, assim eles devem ter solicitado meus livros.
O prisioneiro esteve lendo esses livros. Embora ele seja um americano, ele escreve que “Osho, lendo seus livros, lhe ouvindo na televisão, e quando você esteve na prisão por um dia, eu também estava aqui” – ele esteve lá por quase cinco anos. “Foi uma experiência feliz para mim e nunca esquecerei o dia em que ficamos juntos na mesma cela; foi o dia mais importante da minha vida. E tenho carregado alguma coisa comigo que desejo expressá-la a você. Você não cometeu qualquer pecado – disso eu estava absolutamente certo na hora que lhe vi – mas ser inocente parece ser um crime maior que qualquer outro. E devido a que falavam de você no rádio, na televisão, seus livros eram lidos por todo o pais, chegou o momento que você era a figura mais importante do que o presidente da América. Isso foi o que disparou todo o processo de destruição da sua comuna, lhe aprisionar – apenas para humilhá-lo.
Fiquei surpreso que um prisioneiro pudesse ter um insight tão profundo. Ele está dizendo que “pessoas como você estão fadadas a serem condenadas, porque mesmo o maior, as pessoas mais poderosas parecem como pigmeus diante da sua consciência e sua altura. É sua culpa”. Ele está me dizendo. “Se você não fosse tão bem sucedido, você seria ignorado. Se sua comuna não tivesse sido tão bem sucedida, ninguém se incomodaria com você”.
O homem iluminado não tem nenhum amigo, nenhum inimigo, mas somente um amor puro, não direcionado. Ele está pronto para derramar no coração de qualquer um que esteja disponível. Essa é a real amistosidade.
Mas um homem assim irá provocar muitos egos, irá magoar aqueles que pensam que são pessoas muito importantes e poderosas. Os presidentes e as rainhas e os primeiros ministros e os reis ficarão imediatamente preocupados. Um homem que não possui nenhum poder tornou-se de repente o foco da atenção das pessoas, atrai mais pessoas do que aqueles que têm poder e dinheiro e prestígio. Tal homem não pode ser perdoado. Ele tem que ser punido mesmo que ele tenha cometido algum crime ou não. E um homem iluminado não pode cometer um crime; isso é uma pura impossibilidade. Mas ser inocente, ser amigável, ser amoroso por absolutamente nenhum motivo, apenas ser você mesmo é suficiente para jogar muitos egos contra você.
Então quando digo, “O iluminado não tem inimigos”. Quero dizer que do lado dele não tem nenhum inimigo. Mas do lado dos outros, quanto maior for sua altura, maior será o antagonismo, maior será a inimizade, ódio, condenação contra ele. Isso é o que tem acontecido por séculos.
Nirvano estava me dizendo outro dia que no dia que fui multado em quatrocentos mil dólares – mais do que um crore de rúpias – sabendo perfeitamente bem que não possuo nenhum centavo, o procurador que trabalhava para Nirvano disse a ela, “Eles fizeram isso de novo”. Ela perguntou a ele, “Que você está dizendo?” E ele disse, - “Sim, eles fizeram de novo. Eles crucificaram Jesus novamente, eles novamente puniram um homem que é completamente inocente – mas essa inocência fere o ego deles”.
Somente um entendimento intelectual não será suficiente – embora seja bom ter algum entendimento intelectual porque isso pode lhe ajudar a mover-se para uma experiência existencial. Mas só a experiência lhe dará o sabor total da tremenda doçura, da beleza, da divindade e da verdade do amor.
 
Osho, Satyam Shivam Sundaram: Truth Godliness Beauty
Discurso #10

A Desumanidade do Homem

Porque as pessoas tratam uns aos outros como o fazem? Tudo isso é condicionamento, ou há algo no homem que o torna disposto a se desviar?
São ambas as coisas.
Primeiro, há alguma coisa no homem que o desencaminha. E segundo, existem pessoas cujos interesses é desencaminhar os seres humanos. Ambos juntos criam um ser humano falso, um impostor. Seu coração anseia por amor, mas sua mente condicionada o impede de amar.
Esse é o problema. A criança nasce com um coração que anseia por amor, mas ela também nasce com um cérebro que pode ser condicionado.
A sociedade tem que condicioná-lo contra o coração, porque o coração será sempre rebelde contra a sociedade, ele irá sempre seguir seu próprio caminho.
O coração não pode ser tido como um soldado. Ele pode se tornar um poeta, ele pode se tornar um cantor, pode se tornar um dançarino, mas não pode se tornar um soldado.
Ele pode sofrer pela sua individualidade, ele pode morrer pela sua individualidade e liberdade, mas ele não pode ser escravizado. Esse é o estado do coração. Mas a mente... A criança vem com um cérebro vazio, apenas um mecanismo, o qual você pode arrumar da maneira que você quiser. Ele irá aprender a língua que você ensinar, ele aprenderá a religião que você ensinar, ele aprenderá a moralidade que você ensinar. Ele é simplesmente um computador, você apenas o alimenta com informações. E toda sociedade cuida de tornar a mente cada vez mais forte para que se houver algum conflito entre a mente e o coração, a mente irá vencer. Mas cada vitória da mente sobre o coração é uma miséria. É uma vitória sobre sua natureza, sobre seu ser – sobre você – pelos outros. E eles cultivaram sua mente para servir ao propósito deles.
Portanto, a mente é vazia, seu cérebro; você pode colocar qualquer coisa nela. E com vinte e cinco anos de educação você pode torná-la tão forte que você pode esquecer seu coração; você irá permanecer sempre miserável. A miséria é que seu coração só pode lhe dar alegria, só pode lhe dar felicidade, só pode lhe fazer dançar. A mente pode fazer aritmética, mas ela não pode cantar uma canção. Essas não são as habilidades da mente. Assim você está dividido entre sua natureza, que é seu coração, e a sociedade que é sua cabeça. E certamente você nasce – todos nascem – com estes dois centros. Esse é a dificuldade.
E um centro está vazio. Numa sociedade melhor ele será utilizado de acordo com o coração, para servir ao coração. Então será uma grande vida, cheia de regozijos. Mas até agora temos vivido numa sociedade feia, com idéias podres. Eles usaram a mente. E essa vulnerabilidade existe – a mente pode ser usada.
Agora os comunistas a estão usando de uma maneira; os fascistas a usaram na Alemanha de outra maneira; todas as outras religiões a estão usando de diferentes maneiras. Mas essa vulnerabilidade está em todos os indivíduos: que você tem uma mente a qual você trouxe vazia. De fato, isso é uma bênção da existência – mas, mal utilizada, explorada. Ela lhe é dada vazia para que você possa fazê-la perfeitamente subserviente ao seu coração, aos seus anseios, ao seu potencial. Não há nada de errado nisso. Mas os interesses investidos por todo o mundo encontraram nisso uma bela oportunidade para eles – para usar a mente contra o coração. Assim você permanece miserável e eles podem lhe explorar por todos os meios que quiserem.
Eis porque todo o mundo é miserável.
Todo mundo quer ser amado, todos querem amar; mas a mente é uma barreira tal que nem lhe permite amar, nem lhe permite ser amado. Em ambos os casos a mente fica no caminho e começa a distorcer tudo.
E mesmo se por acaso você encontrar uma pessoa que você sinta amor por ela e a pessoa sinta amor por você, suas mentes não irão concordar. Elas foram treinadas por sistemas diferentes, religiões diferentes, sociedades diferentes.
Ser feliz é um direito inato de todos, mas infelizmente a sociedade, as pessoas com as quais estamos vivendo, que nos trouxeram para este mundo, não pensaram nada a respeito disso. Elas estão somente reproduzindo seres humanos como animais – até mesmo pior que isso porque pelo menos os animais não são condicionados. Esse processo de condicionamento deve ser completamente mudado. A mente deve ser treinada para ser uma serva do coração.
A lógica deve servir ao amor. E assim a vida pode se tornar um festival de luzes.

Osho, Beyond Psychology,

Discurso #4

Além da Mentalidade do Bata e Corra

Existe um medo com relação a garota com quem estou. Tenho medo de perdê-la... e isso não me permitirá ter um relacionamento profundo. Talvez eu tenha receio de ficar sozinho, algo assim.
Não, não tenha receio, mergulhe fundo. Isso irá acontecer porque quanto mais você ficar centrado, mais relaxado você se torna, mais possibilidade existe para entrar profundamente num relacionamento.
De fato, é você que vai para um relacionamento. Se você não estiver lá, tenso, frustrado, preocupado e fragmentado, quem vai se aprofundar? Devido a nossa fragmentação, ficamos realmente assustados de ir mais fundo num relacionamento, em camadas mais profundas, porque assim nossa realidade será revelada. Então você terá que abrir seu coração, e seu coração é só fragmentos. Não existe um homem dentro de você – você é uma multidão. Se você realmente amar uma mulher e abrir seu coração, ela irá pensar que você é um público, não uma pessoa – esse é o medo.
É por isso que as pessoas continuam tendo casos. Eles não querem ir fundo; apenas bater-e-correr, somente tocando a superfície e fugindo antes algo se torne um compromisso. Assim você só pode ter sexo, e mesmo assim, empobrecido. É apenas superficial. Só um encontro de fronteiras, mas isso não é amor de jeito nenhum... talvez uma liberação corporal, uma catarses, não mais do que isso.
O medo é que agora você quer ir mais fundo; não que a garota possa ser perdida. Você está assustado e hesitante. Podemos colocar nossas máscaras facilmente se o relacionamento não estiver muito junto, muito íntimo – as faces sociais funcionam bem. Então quando você sorri, não há uma real necessidade para você rir, apenas a máscara sorri.
Se você realmente quer se aprofundar então os perigos existem. Você terá que ir desnudo – e desnudo significa que todos os problemas íntimos são revelados ao outro. Quando você não pode ter uma imagem, sua realidade ficará aberta e vulnerável, e isso gera medo. Mas prosseguimos enganando a nós mesmos e dizendo que não estamos com medo disso, que tememos que a garota vá embora. Esse não é o medo. De fato, no fundo você pode estar desejando que ela vá embora, assim não existe a questão de aprofundar-se no relacionamento.
Mergulhe fundo. Ninguém está obstruindo o caminho. Os grupos e meditações aqui irão lhe ajudar e logo você estará capacitado. Se você estiver presente, então você pode sempre encontrar alguém para amar. Se você não estiver presente alguém mais pode estar lá, mas isso será apenas uma presença física, de nenhuma utilidade, porque você permanece só.
Vá e observe os casais, pessoas casadas há anos: eles vivem uma vida solitária, e vivem sós. Eles nunca estiveram juntos e aprenderam todo tipo de truques sobre como evitar um ao outro, como fugir do outro. O marido diz, “Eu te amo” e beija a esposa e tudo mais, mas isso é somente para manter distância, para não se aprofundar.
Não tenha medo… apenas dê o salto!
 
Osho, Above All, Don’t Wobble,
 Discurso #7

ENFIM SÓ!

Nos depararmos com a solidão é assustador e é doloroso, e a pessoa tem que passar por isso. Nada deve ser feito para evitar isso, nada deve ser feito para desviar a mente e nada deve ser feito para fugir disso. A pessoa precisa sofrer e passar através disso.
Esse sofrimento, essa dor é apenas um bom sinal de que você está próximo de um novo nascimento, porque todo nascimento é precedido pela dor. Isso não pode ser evitado e não deve ser evitado porque faz parte de seu crescimento.
Mas porque essa dor?
Isso deve ser entendido porque o entendimento lhe ajudará a passar por isso e se você passar por isso, certamente você sairá mais facilmente e mais cedo.
Porque é doloroso quando você fica só? A primeira coisa é que seu ego fica doente. Seu ego só pode existir com outros. Ele cresceu no relacionamento, ele não pode existir sozinho. Portanto, se a situação for aquela na qual ele não possa mais existir, ele se sente sufocado; ele se sente à beira da morte. Esse é o sofrimento mais profundo. Você se sente como se estivesse morrendo. Mas não é você que está morrendo, apenas o ego, o qual você tem tido como sendo você, com o qual você se tornou identificado. Ele não pode existir porque foi dado a você pelos outros. É uma contribuição. Quando você abandona os outros, você não pode mais carregá-lo com você.
Desse modo, na solidão tudo que você sabe sobre si mesmo cairá; pouco a pouco irá desaparecer. Você pode prolongar seu ego por um certo período, e isso também você terá que fazer através da imaginação; mas você não poderá prolongá-lo por muito tempo. Sem a sociedade você fica desenraizado; o solo, de onde você retira sua alimentação, não está mais lá. Essa é a dor básica.
Você não tem mais certeza de quem você é: você é somente uma personalidade dispersa, uma personalidade em dissolução. Mas isso é bom, porque a menos que esse falso eu desapareça, o verdadeiro não pode surgir.
Esse eu falso está ocupando o trono. Ele precisa ser destronado. Por viver na solitude tudo que é falso pode ir. E tudo que é dado pela sociedade é falso. Realmente, tudo que é dado é falso; tudo que nasceu com você é verdadeiro. Tudo que é você, por si próprio, não contribuído por outro alguém, é real, autêntico. Mas o falso precisa ir, e o falso é um grande investimento. Você investiu tanto nele; você tem cuidado tanto dele; todas as suas esperanças dependem dele. Assim quando ele começa a dissolver-se você ficará com medo, assustado e tremendo: “O que você está fazendo a si próprio? Você está destruindo toda sua vida, toda a estrutura”.
Haverá medo. Mas você terá que passar através desse medo, só assim você ficará destemido. Não digo que você se tornará um bravo, não. Digo que você ficará destemido.
A bravura é somente uma parte do medo. Quão bravo você seja, o medo está oculto por trás. Digo “destemido”. Você não será valente; não há nenhuma necessidade de ser valente quando não existe medo. Bravura e medo ambos se tornam irrelevantes. Eles são aspectos da mesma moeda. Assim seus bravos homens nada são, mas você fica de pé sobre sua cabeça. Sua bravura está oculta dentro de você e seu medo está na superfície; o medo deles está escondido dentro e a bravura deles está à mostra na superfície; então quando você está só você é muito valente. Quando você pensa sobre algo você é muito valente, mas quando chega a situação real você fica temeroso.
O indivíduo se torna destemido somente quando ele passou através do maior de todos os medos – isso é dissolver o ego, a dissolução da imagem e a dissolução da personalidade.
Isso é morte porque você não sabe se uma nova vida irá surgir daí. Durante o processo você só conhecerá a morte. Somente quando você está morto como você é, como uma falsa entidade, só então você toma conhecimento que a morte é apenas uma porta para a imortalidade. Mas isso será no fim; durante o processo, você está simplesmente morrendo.
Tudo que você acalentava tanto está sendo levado para longe de você – sua personalidade, suas idéias, tudo que você pensava que era bonito. Tudo está lhe deixando. Você está sendo despido. Todos as atribuições e vestimentas estão sendo levados embora.
Durante o processo o medo estará lá, mas esse medo é básico, necessário e inevitável – a pessoa precisa passar através dele. Você deve entender isso, não tente evitá-lo, não tente fugir disso, porque toda fuga lhe trará de volta novamente. Você se moverá de novo de volta para a personalidade.
Aqueles que ficam em profundo silêncio e solitude, eles sempre me perguntam, “Haverá medo, então o que fazer”? Eu lhes digo para não fazer coisa alguma, apenas viver o medo.
Se o tremor vier, trema. Porque impedi-lo? Se um medo interior está presente e você está agitado com isso, agite-se com isso. Não faça nada. Permita-o acontecer. Ele irá por si mesmo. Se você evitá-lo... e você pode evitá-lo. Você pode começar a cantar “Ram, Ram, Ram”; você pode se apegar a um mantra para que sua mente seja desviada. Você será pacificado e o medo não estará mais presente; você o empurrou para o inconsciente. Ele estava saindo – o que era bom, você ia ficar livre dele – ele estava lhe deixando e quando ele lhe deixar, você irá tremer.
Isso é natural porque de cada célula do corpo e da mente, alguma energia que sempre esteve lá bloqueada agora está sendo liberada. Haverá uma agitação e um tremor; será exatamente como um terremoto. Esse é o meu conselho. Nem mesmo cante. Não tente fazer coisa alguma com isso porque tudo que você pode fazer será novamente uma supressão. Apenas permitindo-o estar, deixando-o ser, ele lhe deixará – e quando ele tiver ido, você será um homem completamente diferente.
 
Osho, The Book of Secrets, Discurso #70

Você É Responsável

A mente ordinária sempre lança a responsabilidade em outro alguém. É sempre o outro que está lhe fazendo sofrer. Sua esposa está lhe causando sofrimento, seu marido está lhe fazendo sofrer, seus pais estão lhe fazendo sofrer, seus filhos estão lhe fazendo sofrer, ou o sistema financeiro da sociedade, capitalismo, comunismo, fascismo, a ideologia política prevalente, a estrutura social, ou o destino, carma, Deus... você nomeia!
As pessoas têm milhões de maneiras de se esquivar da responsabilidade. Mas no momento que você diz que outra pessoa – X,Y,Z – está lhe causando sofrimento, assim você não pode fazer nada para mudar isso. O que você pode fazer? Quando a sociedade muda e o comunismo chega e há um mundo sem classes, então todos serão felizes. Antes disso, não é possível. Como é que você pode ser feliz numa sociedade pobre? E como você pode ser feliz numa sociedade que é dominada pelos capitalistas? Como você pode ser feliz com uma sociedade que é burocrática? Como você pode ser feliz com uma sociedade que não lhe permite liberdade?
Desculpas e mais desculpas – desculpas apenas evitam um insight que ”Sou responsável por mim mesmo. Ninguém mais é responsável por mim; é absolutamente e totalmente minha responsabilidade. O que quer que eu seja, sou minha própria criação”. Esse é o significado do sutra.
Conduza toda a culpa para um.
E esse um é você.
Uma vez que esse insight se estabelece:
Sou responsável por minha vida – por todo meu sofrimento, pela minha dor, por tudo que aconteceu comigo e está acontecendo a mim – Eu escolhi esse caminho; essas são as sementes que eu semeei e agora estou colhendo a safra; sou responsável – uma vez que esse insight se torna um entendimento natural em você, então tudo mais é simples. Assim a vida começa a dar uma nova reviravolta. Começa a se mover numa nova dimensão. Essa dimensão é conversão, revolução, mutação – porque uma vez que sei que sou responsável, também sei que posso abandonar isso a qualquer momento que decida fazê-lo. Ninguém pode me impedir de abandonar isso.
Pode alguém lhe impedir abandonar sua miséria, de transformar sua miséria em felicidade? Ninguém. Mesmo que você esteja na prisão, acorrentado, preso, ninguém pode prender VOCÊ; sua alma ainda permanece livre. É claro, você fica numa situação muito limitada, mas mesmo nessa situação limitada você pode cantar uma canção. Você pode ou derramar lágrimas de desamparo ou pode cantar uma canção. Mesmo com correntes em seus pés você pode dançar; então até mesmo o som das correntes terá uma melodia nela.
Próximo sutra: Seja grato a todos.
Atisha é realmente muito científico. Primeiro ele diz: Tome toda a responsabilidade sobre si mesmo. Segundamente ele diz: Seja grato a todos. Agora que ninguém mais é responsável pela sua miséria exceto você – se a miséria é toda seu próprio fazer, então o que resta?
Seja agradecido com todos.
Porque todo mundo está criando um espaço para você ser transformado – mesmo aqueles que acham que estão lhe obstruindo, mesmo aqueles que você pensa que são seus inimigos. Seus amigos, seus inimigos, boas e más pessoas, circunstancias favoráveis, circunstancias desfavoráveis – tudo isso junto está criando o contexto no qual você pode ser transformado e tornar-se um Buddha. Seja agradecido a todos – àqueles que lhe ajudaram, àqueles que lhe obstruíram, àqueles que foram indiferentes. Seja grato a todos, porque todos juntos estão criando o contexto no qual Buddhas nascem, no qual você pode se tornar um Buddha.
Osho, The Book of Wisdom, Discurso #5