segunda-feira, 1 de abril de 2013

Que é que o mito de Adão e Eva nos diz sobre os pares de opostos? Que é que significa?

A coisa começou com o pecado – em outras palavras, com o abandono do
mundo mitológico de sonhos do jardim do Paraíso, onde não há tempo e onde o homem e a
mulher sequer sabem que são diferentes um do outro. Ambos são apenas criaturas. Deus e
homem são praticamente o mesmo. Deus caminha no frescor da tarde no jardim onde eles
estão. Aí eles comem a maçã, o conhecimento dos opostos. E quando descobrem que são
diferentes, homem e mulher cobrem suas vergonhas. Como você vê, eles não pensaram em
si mesmos como opostos. Macho e fêmea constituem uma oposição. Outra oposição é entre
o homem e Deus. Deus e o mal é uma terceira oposição. As oposições primárias são a
sexual e aquela entre seres humanos e Deus. Então surge a idéia de bem e mal no mundo.
Assim, Adão e Eva se expulsaram a si mesmos do jardim da Unidade Atemporal, você
pode dizer assim, pelo simples fato de haverem reconhecido a dualidade. Saindo para o
mundo, você tem de agir em termos de pares de opostos.
Existe uma imagem hindu que mostra um triângulo, que é a Deusa Mãe, e um ponto no
centro do triângulo, que é a energia do transcendente ingressando na esfera do tempo.
Então, a partir desse triângulo, formam se pares de triângulos em todas as direções. Do um
provêm dois. Todas as coisas, na esfera do tempo, são pares de opostos. Assim, essa é a
mudança de consciência, da consciência da identidade para a consciência de participação na
dualidade. E então você se encontra na esfera do tempo.




O poder do mito (Joseph Campbell)

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