terça-feira, 11 de junho de 2013

ALÉM DO EGO: NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE

Quando o ego está em guerra, saiba que isso não passa de uma ilusão
que está lutando para sobreviver.
 Essa ilusão pensa ser nós. 
A princípio, não é
fácil estarmos lá como testemunhas, no estado de presença, sobretudo quando
o ego se encontra nessa situação ou quando um padrão emocional do passado
é ativado. 
No entanto, depois que sentimos o gosto dessa experiência, nosso
poder de atingir o estado de presença começa a crescer e o ego perde o
domínio que tem sobre nós. 
E, assim, chega à nossa vida um poder que é
muito maior do que o ego, maior do que a mente. 
Tudo de que precisamos
para nos livrar do ego é estarmos conscientes dele, uma vez que ele e a
consciência são incompatíveis. 
A consciência é o poder oculto dentro do
momento presente.
 É por isso que podemos chamá-la de presença. O
propósito supremo da existência humana, isto é, de cada um de nós, é trazer
esse poder ao mundo. 
E é também por isso que nossa libertação do ego não
pode ser transformada numa meta a ser atingida em algum ponto no futuro.
Somente a presença é capaz de nos libertar dele, pois só podemos estar
presentes agora - e não ontem nem amanhã.
 Apenas ela consegue desfazer o
passado em nós e assim transformar nosso estado de consciência.
O que é a compreensão da espiritualidade?
A crença de que somos espíritos?
 Não, isso é um pensamento. 
De fato, ele está um pouco mais
próximo da verdade do que a ideia de que somos a pessoa descrita na nossa
certidão de nascimento, mas, ainda assim, é um pensamento.
 A compreensão
da espiritualidade é ver com clareza que o que nós percebemos, vivenciamos,
pensamos ou sentimos não é, em última análise, quem somos, que não
podemos nos encontrar em todas essas coisas, que são transitórias e se
acabam continuamente. 
E provável que Buda tenha sido o primeiro ser
humano a entender isso, e dessa maneira anata (a noção do não-eu) se tornou
um dos pontos centrais dos seus ensinamentos. 
E, quando Jesus disse
"Negue-se a si mesmo", sua intenção era afirmar: negue (e assim desfaça) a
ilusão do eu. Se o eu - o ego - fosse de fato quem somos, seria um absurdo
"negá-lo". 
O que permanece é a luz da consciência, sob a qual percepções,
sensações, pensamentos e sentimentos vêm e vão. Isso é o Ser, o mais
profundo e verdadeiro eu. 
Quando sabemos que somos isso, qualquer coisa
que ocorra na nossa vida deixa de ter importância absoluta para adquirir
importância apenas relativa. 
Respeitamos os acontecimentos, mas eles perdem
sua seriedade plena, seu peso. 
A única coisa que faz diferença realmente é isto:
podemos sentir nosso 
Ser essencial, o "eu sou", como o pano de fundo da
nossa vida o tempo todo? 
Para ser mais exato, conseguimos sentir o "eu sou"
que somos neste momento?
 Somos capazes de sentir nossa identidade
essencial como consciência propriamente dita? 
Ou estamos nos perdendo no
que acontece, na mente, no mundo?


Eckhart Tolle

Nenhum comentário:

Postar um comentário